Deus Santo,
Jesus acolhia com muito respeito e compreensão as pessoas que sofriam.
O modo como ele se relacionava com as pessoas em sofrimento continua a ser uma forte interpelação para nós.

Mais que dizer-nos o que devemos fazer, Jesus ensinou-nos sobretudo o que não devemos dizer às pessoas que sofrem.

Seria mais ou menos isto o que Jesus nos diria hoje se nos falasse sobre a atenção e respeito que devemos ter para com as pessoas que estão em sofrimento:

Não te ponhas com banalidades ou com evasivas fúteis.
Não comeces a dizer que isso vai passar.
Nunca digas aos que sofrem que devem ter paciência

Nunca digas às pessoas em sofrimento que essa é a vontade de Deus.
Não pretendas substituir as pessoas em sofrimento dando respostas que, para serem libertadoras, só podem emergir dentro delas.

Não lhes digas o que devem fazer, mas escuta as suas interrogações e a necessidade que elas têm de encontrar sentido para conseguirem integrar o sofrimento no seu sentido de vida.

O sofrimento só deixa de ser intolerável e absurdo quando a pessoas já encontraram sentido para ele e, portanto, começam a ser capazes de o integrar na sua história pessoal.

Não pretendas dar receitas morais às pessoas nem comeces a bombardeá-las com ideias piedosas.
Nunca pretendas fazer de Deus um analgésico para a sua dor.

Tenta compreender o que ela tenta comunicar e não lhes digas para esquecer algo que lhe está rasgando o coração.

Nas situações de sofrimento as pessoas necessitam apenas da tua presença disponível para as escutar.
Se não tens disponibilidade, então não apareças.

Faz como eu, dir-nos -ia Jesus Cristo se hoje nos falasse sobre o modo como ajudar os que sofrem.
Enquanto vivia na história, eu compreendia o sofrimento em profundidade.
Via o íntimo das pessoas de coração despedaçado pelo sofrimento.

Acolhia-as, escutava-as e compreendia-as, atitudes fundamentais para facilita a libertação de uma pessoa humnana.
Lembra-te que a tua presença junto dos que sofrem é importante.

Dá-lhes a mão e facilita o seu pranto. As pessoas em sofrimento precisam de chorar para se sentirem mais aliviadas.
Nunca lhes digas: "Não chores".
Pelo contrário, reconhece o seu direito a chorar e limita-te a acolher e esperar.

A tua presença será tanto mais importante quanto mais te aproximares disponível para escutar, acolher e não julgar.
Se sentires que não tens estas disposições, então não vás ao encontro dos que sofrem.

Quando um pessoa em situação sofrimento se sente acolhida, compreendida e aceite, do seu interior começa a emergir uma força transformadora que é capaz de fazer maravilhas.

Esta força capacita a pessoa para dar sentido ao seu sofrimento e integrar esta experiência dolorosa na sua história.

Não te esqueças de que amar é querer o bem do outro, aceitando-o assim como é e facilitar a sua libertação e felicidade.

O amor é uma dinâmica de bem-querer que tem como origem a pessoa e como meta a comunhão.

A pessoa que ama dá-se.
Por outro lado, é dando-se que a pessoa se possui e atinge a sua plenitude na Comunhão do Reino de Deus.
Glória ti, Jesus Cristo, pois soubeste levar o amor até à sua densidade máxima que é dar a vida por aqueles a quem se ama.

Calmeiro Matias